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sábado, 11 de novembro de 2023

Osteoporose, uma doença silenciosa que no começo não apresenta sintomas óbvios

 

Caracterizada pela perda de massa óssea e deterioração da estrutura dos ossos, a osteoporose é considerada uma doença silenciosa. Isto porque, em suas fases iniciais, ela não costuma causar sintomas óbvios, fazendo com que muitos só descubram que são portadores da condição quando sofrem uma fratura. De acordo com o Ministério da Saúde, 10 milhões de brasileiros apresentam a doença, e a estimativa é que cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens, com 50 anos de idade ou mais, sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida.



Tendo em vista a dimensão da osteoporose no Brasil, no mundo e seu caráter insidioso, posto que demora para se revelar, torna-se premente falar da doença. Nesse sentido, a médica intervencionista em dor e autora do livro “Existe vida além da dor”, dra. Amelie Falconi, aborda a seguir as principais causas da osteoporose, sintomas, tratamentos da doença e da dor atrelada a ela, medidas de prevenção, entre outros temas relacionados à doença.

Dra. Amelie destaca que as principais causas da osteoporose são: envelhecimento, deficiência de estrogênio, histórico familiar, sedentarismo, alimentação deficiente em cálcio e vitamina D, tabagismo, excesso de álcool, e outras doenças. Entre as doenças ou condições de saúde que estão ligadas direta ou indiretamente à osteoporose estão: doença endócrinas; doenças gastrointestinais; alguns tipos de câncer e quimioterapia; artrite reumatoide; distúrbios neuromusculares; doenças pulmores crônicas; síndromes genéticas, como a osteogênese imperfeita; e o uso prolongado de medicamentos, entre os quais corticosteroides e anticogulantes.

Ao contrário do que diz o senso comum, a doença não atinge exclusivamente mulheres, embora acometa mais elas do que os homens. Conforme dra. Amelie, os fatores de risco costumam ser diferentes de acordo com o gênero. “Para as mulheres, o principal fator de risco é a menopausa, já para os homens as principais causas são distúrbios hormonais, uso crônico de cortiscoteroides, condições médicas subjacentes e envelhecimento”, relata.

Como se trata de uma doença que pode passar despercebida por anos, dra. Amelie ressalta a importância de as pessoas em risco, especialmente mulheres pós-menopáusicas e idosos, adotarem um estilo de vida saudável e  realizarem exames de densiotometria óssea, para calcular a densidade do osso e, dessa forma, diagnosticarem a osteoporose antes de uma fratura ocorrer. “É fundamental que pessoas que apresentem fatores de risco significativos para a osteoporose passem por uma avaliação médica para desenvolver um plano de prevenção e tratamento adequado”, afirma.

No que tange à prevenção da doença, as recomendações mais atuais, de acordo com a médica intervencionista em dor, enfatizam uma abordagem integral, que consiste em praticar exercícios físicos regularmente, incorporar um dieta rica e balanceada, com ingestão adequada de cálcio e vitamina D, suplementar, tomar sol, evitar a automedicação, e adotar uma estilo de vida saudável, em que a pessoa evite fumar e consumir bebidas alcólicas em excesso.

O tratamento da osteoporose pode incluir várias classes de medicamentos. “Além dos tradicionais, que contribuem para fortalecer os ossos, aumentar a densidade óssea e reduzir o risco de fraturas, estão sendo desenvolvidos tratamento direcionados, visando abordar as causas subjacentes à doença, como terapias de antiressorção, que ajudam a preservar a massa óssea”, explica. A médica intervencionista em dor ressalta que os tratamentos evoluiram nos últimos anos, proporcionando opções cada vez mais seguras e eficazes.

 A dor em pacientes com osteoporose

A dor na osteoporose, explica dra. Amelie está intimamente relacionada à fratura óssea, uma de suas complicações mais comuns. Isto porque, explica a dra. Amelie, uma fratura costuma causar instabilidade e compressão de nervos, ocasionando desconforto e dor. “Além disso, precisamos lembrar que os fatores de risco para osteoporose são os mesmos que para dores crônicas, entre eles sedentarismo, tabagismo e alimentação com deficiência de nutrientes”, diz.

Segundo dra. Amelie, para controlar de maneira eficaz a dor relacionada à osteoporose, recomenda-se uma abordagem multidisciplinar que combine medidas de prevenção, tratamento da osteoporose subjacente e manejo da dor. “Entre as ações que podem ser adotadas estão: combate ao sedentarismo, com dieta rica e balanceada e prática regular de exercícios físicos, prevenção de fraturas, tratamento da osteoporose, reabilitação, medicamentos para controle da dor e procedimentos intervencionistas para alívio da dor”, destaca.

Considerando que a osteoporose está relacionada a hábitos nocivos à saúde, como consumo excessivo de álcool, tabagismo, dieta pobre em nutrientes e sedentarismo, que por sua vez estão associados ao desenvovimento de dor crônica, a médica intervencionista em dor reitera, no Dia Mundial e Nacional da Osteoporose, a importância de a população em geral adotar um estilo de vida saudável como forma de prevenir a osteoporose, a dor crônica e outras doenças.

 

sábado, 28 de outubro de 2023

Saiba como prevenir trombose venosa em viagens longas



Com a aproximação das férias de verão, muitas pessoas já começaram a se planejar para realizar viagens durante o tão sonhado período de descanso. Um dos pontos a levar em consideração ao realizar viagens de trem, aéreas e rodoviárias de longa duração é o risco de desenvolver uma trombose, doença que ocorre quando um coágulo se forma dentro de uma veia, comprometendo o fluxo sanguíneo. Erich de Paula, médico hematologista e professor associado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica porque isso acontece, quais são os principais sintomas da trombose e formas de prevenção. 

A trombose é caracterizada pela obstrução de um vaso sanguíneo por um coágulo, também chamado de trombo, podendo afetar tanto o sistema arterial quanto o venoso. “O tipo mais comum de trombose é a trombose venosa profunda (TVP), que ocorre quando o trombo se forma em uma veia profunda das pernas, causando dor, inchaço e mudança de coloração da área afetada”, explica Erich de Paula. Uma das principais complicações da trombose é a embolia pulmonar (EP), que ocorre quando o trombo se solta e chega até os pulmões através da circulação sanguínea. Neste caso, a função de oxigenação do sangue é comprometida, causando falta de ar e podendo até mesmo ser fatal.  

Segundo o médico hematologista, a trombose pode ser desencadeada por diversos fatores, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, imobilização, uso de contraceptivos orais a base de estrógeno, gestação, puerpério (período de resguardo ou quarentena), tendência familiar, entre outros. “Viagens de longa duração também são consideradas um fator de risco para o desenvolvimento de trombose, uma vez que combinam diferentes elementos que tornam o passageiro mais propenso a desenvolver um coágulo sanguíneo. Deixar de movimentar as pernas por muito tempo, desidratação e pressurização do ambiente são alguns dos fatores que contribuem para este quadro”, afirma o professor. 

Movimente-se e previna-se de coágulos sanguíneos – Viagens longas nas quais os passageiros ficam várias horas sentados, sem se movimentar, podem contribuir para a ocorrência de trombose. “A principal recomendação para evitar este quadro é se movimentar de vez em quando durante a viagem. Por exemplo, no trem ou no avião, uma opção é o passageiro se levantar do assento e andar pelo corredor ou fazer movimentos de flexão dos pés. Para viagens de carro, o ideal é fazer uma parada a cada duas ou três horas para andar um pouco e esticar as pernas”, recomenda Erich de Paula, que acrescenta ainda que em alguns casos de maior risco, os médicos podem recomendar o uso de anticoagulantes em doses baixas, para prevenção. Isto geralmente se aplica a pacientes que já apresentaram trombose prévia”, explica.  

De acordo com o médico, também é recomendado manter-se hidratado durante a viagem, uma vez que o baixo consumo de líquidos pode contribuir para a diminuição do volume sanguíneo, facilitando a formação de trombos. Além disso, evitar roupas apertadas nas regiões da cintura e das pernas facilita a circulação sanguínea, bem como evitar deixar as pernas cruzadas durante o trajeto. 

Apesar de ser uma doença comum, muitos desconhecem as causas e fatores de risco do tromboembolismo. “A trombose é uma doença perigosa, mas que pode ser evitada a partir do conhecimento sobre os fatores de risco e formas de prevenção. Além das recomendações específicas para pessoas que pretendem viajar, a adoção de um estilo de vida saudável, com prática exercícios, alimentação balanceada e acompanhamento médico são ações que também auxiliam na prevenção da trombose,” diz o dr. Erich.  

O médico alerta ainda que pessoas que já apresentaram tromboses ou que possuem histórico familiar devem tomar ainda mais cuidado em relação à doença. “Realizar acompanhamento médico regular é essencial para avaliar a adoção de medidas preventivas adicionais, como o uso de meias elásticas ou anticoagulantes profiláticos”, finaliza o médico hematologista.  


Foto: Freepik



segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Outubro Rosa: conheça os hábitos que podem ajudar na prevenção do câncer de mama

 


Segundo a OMS, cerca de 30% dos casos de cânceres, em geral, estão relacionados à obesidade. O de mama, em específico, é um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente no Brasil, foram estimados mais de 66 mil novos casos, em 2021. Não há uma causa exata para o surgimento da doença, porém diversos fatores podem aumentar ou diminuir seu risco, entre eles obesidade, sobrepeso e a falta de atividades físicas. 

 “Dentre as diversas causas ligadas ao desenvolvimento do câncer, o excesso de peso figura entre as principais. Estudos apontam que obesidade ou sobrepeso são possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de mama. Uma pesquisa realizada pela OMS aponta que há riscos do surgimento de inflamação com o excesso de gordura corporal, além de aumentos nos níveis de determinados hormônios, o que pode promover o crescimento de células cancerígenas. A adoção de comportamentos considerados protetores, como a prática de uma rotina saudável, são capazes de prevenir 28% de todos os casos de cânceres”, afirma Matheus Motta, nutricionista.

 E adotar uma rotina saudável não precisa ser complicado. Para reforçar seu apoio ao Outubro Rosa, o Vigilantes do Peso, um programa de emagrecimento que estimula as pessoas a incorporarem hábitos saudáveis em suas rotinas, decidiu destacar alguns hábitos simples, facilmente inseridos no dia-a-dia, que, além de contribuir para o emagrecimento sustentável, podem reduzir o risco de câncer de mama:

 1 - Tenha uma dieta equilibrada

A adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a limitação de consumo de fast foods e alimentos processados, ricos em gordura e açúcar, ajudam no processo de desinflamação e são parte fundamentais de um processo saudável de emagrecimento, podendo prevenir o surgimento da doença.

 Estudos mostram que ter uma dieta rica em frutas e vegetais pode diminuir ligeiramente o risco de certos cânceres de mama. São alimentos que podem ajudar não só na prevenção da doença, mas na saúde como um todo, além de contribuir para o processo de emagrecimento. 

 2 - Seja ativo fisicamente 

Não é preciso ficar horas na academia ou completar uma maratona. Correr apenas 30 minutos ao ar livre, ou fazer uma aula de dança por dia já te torna fisicamente ativa, fazendo com que trabalhe todo o seu corpo. O segredo não é volume, mas, sim, constância. Uma boa dica para criar esse hábito é buscar uma atividade que seja prazerosa e encaixe na sua rotina é o primeiro passo para criar um hábito.

 3 - Evite cigarros

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é o maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer, ficando apenas à frente da obesidade. Além disso, considerando que fumar prejudica praticamente todos os órgãos do corpo, abandonar o hábito é fundamental para quem busca qualidade de vida, impactando, inclusive, na longevidade. Ou seja, quanto antes você parar de fumar, maior será a sua expectativa de vida, podendo esta aumentar em até dez anos.

 Outro ponto necessário de reforçar é a importância de ir ao médico regularmente. Mulheres a partir dos 40 anos devem realizar o exame clínico das mamas anualmente. O autoexame também é essencial para a prevenção, que pode ser feito com maior frequência e facilita a percepção rápida de qualquer alteração.


Foto: Freepik

 

domingo, 10 de setembro de 2023

Trombose pode ser fatal: saiba como prevenir



Hábitos simples, como beber muita água, manter-se em um peso adequado, praticar atividades físicas e evitar o cigarro são dicas recorrentes para prevenir uma série de doenças. Mas você sabia que é possível com essas mesmas dicas evitar também a trombose? A enfermidade ocorre quando há formação de um trombo (sangue coagulado no interior de um vaso), que pode surgir em uma artéria ou veia. "Em alguns casos, a trombose pode levar a complicações, como embolia pulmonar (quando o trombo vai parar no pulmão) ou amputação do membro. Um diagnóstico e tratamento precoce evitam tais complicações", explica o cirurgião vascular do CEMA, dr. Carlos Hugo Guillaux. 

Atualmente, a trombose atinge cerca de 180 mil pessoas, por ano, no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Ela pode ser dividida em:
 

Trombose Venosa – Tipo mais comum, ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia. As veias são os vasos responsáveis por trazer o sangue de volta dos tecidos para o coração. Existem dois subtipos de trombose venosa:

Trombose Venosa Profunda – Ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia profunda do corpo, sendo os membros inferiores os mais afetados. Pode ocorrer em pacientes acamados ou com pouca mobilidade muscular dos membros inferiores, após cirurgias ortopédicas, imobilização do membro inferior, uso de anticoncepcional e por predisposições hereditárias;

Tromboflebite (ou flebite) – Ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia superficial, geralmente no braço ou perna.

Trombose Arterial – Ocorre quando o sangue coagula no interior de uma artéria. As artérias são os vasos que levam o sangue do coração de volta aos tecidos de todo corpo. A causa mais comum, nesse caso, é a aterosclerose.
 

Existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Há 3 condições que podem levar o sangue a coagular dentro de um vaso. São elas: lesão da parede vascular, alterações no fluxo sanguíneo e na coagulação sanguínea. "No caso da trombose venosa, existem alguns fatores de risco, como imobilidade prolongada causada por internação hospitalar, viagens longas, imobilização por fraturas, pacientes acamados ou repouso após cirurgias; predisposição genética, idade avançada, obesidade, gravidez, câncer, tabagismo, quimioterapia, uso de hormônios e varizes. Quanto maior o número desses fatores, maior é a chance de o paciente desenvolver esse tipo de trombose", explica o médico. Entre os sintomas estão dor, edema e endurecimento da panturrilha.
 

Já a trombose arterial, na maioria das vezes, ocorre ante um processo de aterosclerose arterial, que é a formação de placas de gordura e cálcio na parede da artéria. Entre os fatores de risco para esse tipo de trombose estão o tabagismo, diabetes, hipertensão, colesterol alto, sedentarismo, obesidade, histórico familiar e idade avançada. Os principais sintomas, nesse caso, são: dor súbita ao caminhar, alteração da sensibilidade (dormência ou formigamento), alteração de motricidade, diminuição da temperatura, palidez ou cianose (coloração azulada na pele).
 

O tratamento da trombose venosa profunda visa facilitar e dissolver esse coágulo, evitar a progressão da doença e diminuir os riscos de ele se soltar e causar embolia pulmonar, que pode ser fatal. "Os anticoagulantes são os medicamentos mais utilizados, nesse caso. Meias elásticas são indicadas para melhorar os sintomas e diminuir as chances de síndrome pós-trombótica. Elas auxiliam a diminuir a dor e inchaço nas pernas", detalha o cirurgião vascular. Para alívio da dor o médico pode prescrever analgésicos; em alguns casos são recomendados anticoagulantes.
 

Já a trombose arterial vai ser tratada a depender da gravidade do caso. "Pode variar desde um tratamento clínico até cirurgias complexas, que podem ser feitas por via endovascular ou aberta, como pontes de safena e uso de próteses sintéticas. Em casos avançados a trombose pode inviabilizar o membro pela falta de oxigenação para os tecidos, nesse caso a cirurgia de amputação é a única escolha possível, para poder salvar a vida do paciente", explica o médico do Hospital CEMA.
 

Além do controle da pressão arterial, diabetes e colesterol alto e do peso adequado, é importante praticar atividades físicas regularmente, evitar o cigarro, usar meias elásticas (principalmente as pessoas que tiverem varizes), movimentar-se assim que possível, após uma cirurgia, e em viagens longas. Beber bastante água, comer alimentos saudáveis também entram como medidas preventivas importantes.



Foto: Freepik


terça-feira, 23 de maio de 2023

Dia Mundial da Saúde Digestiva: sobrevida dobrou em 20 anos

 


Uma análise inédita, realizada pelo A.C.Camargo Cancer Center, identificou chance de sobrevida global superior à de 50% (podendo chegar até 84% se detectado cedo) em cinco anos para pacientes com câncer gástrico tratados na instituição nos últimos 20 anos. Isso significa um aumento de mais de 100% se compararmos as mesmas estatísticas no começo do século. O dado do Observatório do Câncer reforça a importância do diagnóstico precoce, acesso a tratamentos oncológicos modernos e de campanhas de conscientização, como o Dia Mundial da Saúde Digestiva, instituído em 29 de maio. 

A pesquisa avaliou mil casos de adenocarcinoma gástrico. Conforme o líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto, Dr. Felipe Coimbra, o resultado é uma excelente notícia para o tratamento dos pacientes com esses tumores no Brasil. "Há 20 anos, o paciente tinha a chance de sobrevida em torno de 25%. Se o mesmo paciente passasse hoje para tratamento com nossa equipe ele teria uma chance de mais de 100% em comparação ao ano de 2000", explica. 

Entre os principais motivos para esse aumento, o especialista aponta os avanços em tratamento multidisciplinar e a inovação, como o uso de tratamentos quimioterápicos antes e após a cirurgia, protocolos de recuperação precoce e a implementação da cirurgia minimamente invasiva laparoscópica e robótica. Atualmente, mais de 80% dos casos são operados por vias menos invasivas. 

Um outro ponto fundamental foi o trabalho interdisciplinar. "Tivemos uma melhoria da estrutura de reuniões multidisciplinares, chamadas de tumor boards, onde casos de alta complexidade e que necessitam expertise de vários grupos ao mesmo tempo são discutidos com alta resolução", completa Coimbra. 

Para contribuir com o aumento da sobrevida, o vice-líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto, Dr. Tiago Felismino, completa que o diagnóstico precoce é essencial. "O rápido reconhecimento dos sintomas e a realização de uma endoscopia digestiva alta são imprescindíveis. As novas estratégias de tratamento, como imunoterapia e terapia-alvo têm gradativamente melhorado a sobrevida dos pacientes com doença mais avançada", destaca. 

Por fim, o Dr. Felipe Coimbra reforça a importância das pesquisas clínicas, que viabilizam o conhecimento e novas possibilidades em benefício dos pacientes no futuro. Ao todo, já foram realizados 150 estudos, nos últimos 20 anos, no A.C.Camargo Cancer Center. Todos os ensaios clínicos podem ser encontrados no site da instituição. 

Cenário atual do câncer gástrico 

Ainda segundo o Observatório do Câncer, o número de casos de câncer do aparelho digestivo alto ultrapassou os de pulmão, ginecológicos e colorretais, nos últimos 20 anos. Ao todo, o A.C.Camargo registrou 2.416 casos de câncer de estômago entre o período de 2000 a 2020. 

Em um cenário geral, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que são esperados, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, cerca de 21 mil novos casos no Brasil. Segundo o órgão, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de estômago é a quarto mais comum nos homens e o sexto nas mulheres, dentre os tipos de câncer mais frequentes no país. 

Principais sintomas

Os sintomas do câncer de estômago costumam ser inespecíficos no início e parecer um quadro simples de gastrite, o que faz com que muitas pessoas demorem a procurar um médico e só sejam diagnosticadas em estágios mais avançados da doença.

  • Dor de estômago
  • Azia e má digestão
  • Sensação de empachamento mesmo comendo pouco
  • Dificuldade para engolir e refluxo (nos casos de tumores na parte mais alta do estômago)
  • Inchaço no abdome
  • Náusea e vômitos
  • Perda de apetite
  • Diarreia ou prisão de ventre
  • Perda de peso inexplicável 

FATORES DE RISCO

Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver câncer, mas isso não quer dizer que necessariamente a pessoa vai ter câncer de estômago. 

Infecção por Heliobacter pylori: aquela sensação de queimação no estômago merece uma visita ao médico. O consumo constante e indiscriminado de remédios para azia e má digestão pode mascarar essa infecção.

Consumo excessivo de sal: conservas, defumados e carnes salgadas para serem preservadas também estão na lista dos fatores de risco. Os países com maior incidência desse tipo de câncer consomem largamente esses produtos.

Fumo: estudos indicam que fumantes têm o dobro do risco de ter câncer de estômago que os não fumantes. O consumo excessivo de álcool também aparece como fator de risco.

Sexo: a doença é mais comum em homens do que em mulheres.

Idade: o câncer de estômago costuma aparecer em pessoas com mais de 55 anos.

Síndromes familiais de câncer também estão associadas ao aparecimento do câncer de estômago. Portadores de síndrome de Li-Fraumeni, de câncer colorretal não poliposo (HNPCC) e de câncer gástrico familial também correm maior risco de apresentar esse câncer. 

Tratamento

O único tratamento curativo do câncer gástrico é a cirurgia. Tumores extremamente precoces podem ser removidos por endoscopia. Os demais pacientes são candidatos a uma gastrectomia (cirurgia para retirada do tumor do estômago), que pode ser total, em que todo o estômago é removido, ou parcial, em que uma parte do órgão é preservada.  

No A.C.Camargo Cancer Center, esse procedimento pode ser feito por cirurgia robótica, que é mais precisa e permite que o paciente se recupere e tenha alta em menos tempo, por laparoscopia ou ainda por cirurgia convencional, aberta. Se o estômago todo precisar ser removido, durante a cirurgia é feita uma conexão do esôfago com o intestino delgado, para que o paciente possa se alimentar. Para se adaptar a essa nova situação, o principal é fracionar a alimentação em várias vezes e pequenas quantidades de cada vez. Também pode ser necessário ingerir suplementos de vitaminas.

A cirurgia é feita por cirurgiões especializados e com o esquema correto de quimioterapia e/ou radioterapia, entre 60% e 70% dos pacientes com doença localizada ou regional tratados são curados. 

É importante destacar que temos resultados excelentes no tratamento do câncer de estômago, comparáveis aos registrados no Japão e na Coreia, países que têm os melhores resultados do mundo.

 

Foto: Freepik

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Imobilidade prolongada é a grande vilã da trombose



A trombose, caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos (trombos) que podem impedir o fluxo sanguíneo, é responsável por uma a cada quatro mortes no mundo, sendo que uma pessoa morre em decorrência da doença a cada 37 segundos. Entretanto, apesar da alta incidência, pouco se fala da principal causa da enfermidade, que é a imobilidade prolongada.

No Brasil, estima-se que cerca de 180 mil novos casos de trombose venosa ocorram a cada ano. Dentre os fatores de risco para a doença estão a idade, obesidade, uso de anticoncepcionais combinados, gravidez e pós-parto, câncer, fatores genéticos e a imobilização prolongada, seja devido a internações, traumas, cirurgias, fraturas ou viagens de duração acima de oito horas. Na verdade, a imobilização prolongada é um dos fatores de risco mais comuns de trombose no mundo. “Uma pessoa imobilizada, seja por qualquer causa, por mais de três dias, estará em um risco aumentado de sofrer trombose”, explica Suely Meireles Rezende, hematologista, professora do departamento de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do conselho diretor da International Society on Thrombosis and Haemostasis (ISTH).

Para a dra. Rezende, hoje, a nossa tendência é ficar mais imóvel, pois temos escadas rolantes, elevadores, controle remoto para tudo, entre outras facilidades. Assim, há uma diminuição natural dos esforços do dia a dia. “O ideal é que as pessoas se movimentem e façam exercícios com as pernas a cada hora, especialmente se a pessoa trabalha muito sentada ou de pé imóvel. Este movimento pode ser uma simples caminhada para ir ao banheiro ou pegar uma água, por exemplo”, alerta a especialista.

Segundo estudo recente das universidades de Minnesota, Vermont e da Carolina do Norte, passar muito tempo vendo televisão dobra o risco do tromboembolismo venoso. Mas, obviamente, não é a televisão que ocasiona a trombose e sim os longos períodos de imobilidade. Vale ressaltar que a incidência de trombose em crianças e adolescentes é bem mais baixa que em adultos e idosos, pois ela aumenta com a idade. Entretanto, temos vivenciado uma epidemia de obesidade também em crianças e adolescentes, o que pode elevar o risco de trombose nesta população quando aliado à maior imobilidade.

A trombose venosa ocorre mais comumente nas pernas ou no pulmão. Quando ocorre nas pernas, os sintomas mais comuns são dor no local onde a trombose está acontecendo com “inchaço” no local, acompanhado ou não por vermelhidão e aumento da temperatura no local. Os sintomas são progressivos, assim, a medida em que o tempo vai passando, a pessoa fica com a “batata da perna” ou coxa endurecida, dolorida e inchada. Mas é importante ficar alerta porque doença pode acontecer em qualquer lugar do corpo e, algumas vezes, ser pouco sintomática. Em alguns casos mais graves, a trombose pode se estender para a coxa, virilha e pulmões, levando a embolia pulmonar, que é um quadro potencialmente grave.

“O investimento em prevenção deve ser estimulado. Aos pacientes internados, é importante avaliar o risco de cada um em desenvolver trombose e, mediante um risco alto, deve-se receitar medicamentos anticoagulantes até que o paciente receba alta ou comece a andar. Para todas as pessoas recomenda-se andar e mexer as pernas frequentemente no seu dia-a-dia, mantendo-se ativo. Essa é a melhor forma de prevenir a doença”, complementa a especialista.

Sobre a trombose
Existem dois tipos de trombose: a arterial - relacionada um coágulo sanguíneo que se ocorre em uma artéria; e a venosa - por coágulos que ocorrem em uma veia. Dentro desta categoria podemos destacar a trombose venosa profunda (TVP), por ser a mais comum, seguida pela embolia pulmonar. Os locais mais comuns para a formação de coágulos, neste caso, são as pernas.



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Fevereiro, mês de campanhas contra o câncer


A conscientização e a prevenção do câncer são as principais armas contra a doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), poderá atingir cerca de 600 mil brasileiros em 2017. Durante o mês de fevereiro, duas importantes datas prometem ampliar a discussão sobre a neoplasia.
O dia 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer, foi marcado por ações que visam combater os impactos globais da doença. A data, criada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), tem como objetivo fazer com que boa parte da população mundial fale sobre ela, reforçando a divulgação de informações sobre prevenção, fatores de risco e diferentes formas de melhorar o acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer.

Ainda em fevereiro, no dia 5, o Brasil comemora o Dia Nacional da Mamografia. O exame ajuda na detecção precoce do câncer de mama que, no país, poderá afetar mais de 57 mil mulheres até o final deste ano.

Gilberto Amorim, oncologista clínico e coordenador de cirurgia mamária do Grupo Oncologia D'Or, fala sobre a importância dos exames preventivos, como a mamografia, e reforça a relevância deles para a saúde do brasileiro.  

Quais são os principais avanços alcançados no diagnóstico do câncer na última década?
Podemos destacar o diagnóstico por testes moleculares, que já estão disponíveis no Brasil – tanto no setor público quanto no privado. Diagnósticos sanguíneos prometem ser uma tendência no país, pois a medicina já entendeu que é preciso sofisticar a investigação do câncer devido às suas diferentes características. Os exames para a detecção precoce de tumores do sistema digestivo, como fígado e esôfago, também apresentaram avanços durante a última década.

Em relação ao câncer de mama, quais são as chances de cura com a detecção precoce da doença?
O diagnóstico precoce sempre foi um fator importante para os pacientes com câncer de mama. O tratamento de tumores com 1 cm de diâmetro, por exemplo, pode aumentar as chances de cura em até 90%, além de diminuir métodos mutiladores, como a mastectomia. A detecção precoce da doença também contribui para a redução do impacto econômico e social, pois quanto mais cedo a doença for descoberta, menor será o tempo de afastamento do paciente da sua vida social e profissional.

O que temos desenvolvido atualmente como novas estratégias para combater o câncer?
É sempre bom reforçar a importância da mudança dos hábitos alimentares, assim como as campanhas antitabagismo que podem diminuir consideravelmente os riscos para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer. A obesidade tem sido um dos principais problemas da nossa sociedade, contribuindo para o surgimento de tumores no estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovário, entre outros. É importante inserir atividades físicas na rotina, além de reduzir o excesso de alimentos embutidos e o consumo excessivo do açúcar e do sal.

Quais são as expectativas em tratamento para os próximos anos?
A Imunoterapia, tratamento que estimula o sistema imunológico do paciente, permanece como um dos principais tratamentos contra a doença, mesmo sendo precoce no Brasil. Ela tem revolucionado o tratamento de vários tipos de tumores, em especial os localizados no pulmão e na mama. Outra expectativa em tratamento é o avanço de técnicas menos invasivas, como a cirurgia robótica. A técnica tem apresentado importantes resultados quando realizada em pacientes oncológicos, principalmente aqueles diagnosticados com câncer de próstata, já que ela aumenta a segurança do paciente e minimiza complicações.